A Croniquinha do Funk




Pronto! Agora não tem mais volta, já está decretado, o Funk é patrimônio Cultural do Brasil, devido à aprovação do projeto de lei que torna o ritmo patrimônio cultural.
Isso para contrariar aqueles que não suportam o tal funk, porém, também vai contrariar alguns críticos que dizem que o funk tinha uma real valia no passado, quando o mesmo tinha sua base em críticas sociais, econômicas e políticas, e que procurava expor a realidade das classes menos favorecidas em nosso país. Os mesmos afirmam que o que se escuta hoje, não possui nada daquilo que era no passado, e muito menos que tenha algo de cultural.
Bem, venhamos e convenhamos! Para que mostrar a realidade empobrecida do nosso país, ou as gafes e tramóias dos congressistas? Já que nossas televisões trazem tudo isso gratuitamente em canal aberto e de forma resumida para nós.
E devo ressaltar que acho um pleno exagero falar que o funk hoje não tenha cunho de conscientização e cultura refinada.
Temos recebido, todos os dias, uma enxurrada de palavras mixadas que se apropriam de várias áreas do conhecimento. Podemos citar, por exemplo, que em pleno colapso ambiental que o planeta está vivendo, temos em tão culta arte a presença de defensores do meio ambiente, pois em nenhuma arte musical encontraríamos tantos termos que louvam o reino animal, tais como: cachorro(a), gata, potranca e isso sem esquecer a égua ou carinhosamente conhecida em termos funkeiros, como Éguinha.
E na questão alimentícia então! Não podemos esquecer que o funk estimula nossas crianças ao apreço de uma variedade de frutas, por exemplo, a melancia, o moranginho, o mamão e até a jaca, entre tantas outras frutas que por muito tempo nossos filhos rejeitaram em sua dieta diária. Então, na verdade, temos que agradecer por tamanha contribuição que vai muito além da cultural.
E penso, ainda, que temos que aproveitar tamanha conquista no congresso e propor uma reformulação na grade escolar dos nossos alunos de ensino médio. Ao invés de lutarmos tanto para inserir disciplinas tais como: Filosofia e Sociologia, que muitos questionam - Para que servem?- poderíamos sabiamente inserir o funk como matéria obrigatória, quem sabe compartir o tempo de aula com a disciplina de Língua Portuguesa, que, convenhamos, é tão enfadonha! Sei que as duas não teriam confrontos entre si, pois o nosso ritmo cultural não toma conhecimento e nem se apropria das cansativas regras gramaticais! Podemos observar isso em muitas de suas melódicas Letras. E falando em letras..... Peço perdão aos leitores pela injustiça que acabo de cometer. Falei que o funk não se apropria das regras da língua, porém, como entre regras há muitas exceções, aqui vai uma, muitos autores de funk se apropriam sim e dominam com grande destreza as fabulosas ONOMATOPÉIAS!!! Citemos aqui, o pocotó pocotó pocotó da éguinha, ou então, onde veríamos as mesmas tão bem empregadas se não em trechos como este : “ me chama de cachorra que eu faço AU AU, me chama de gatinha que eu faço MIAU”, e sem comentar o lado religioso que ele apresenta , “se tem amor a Jesus Cristo demorô”.
Por isso concordo com a justa aprovação deste projeto de lei, e parabenizo nossos excelentíssimos deputados, que priorizaram este grandioso projeto, em meio a tantos outros realmente supérfluos que passeiam em nosso congresso.
Bom, o fato é que não se agrada a todos, se nem mesmo o já citado Cristo conseguiu tamanho feito....... Devemos então ignorar as injustas críticas! E já que parte do congresso ganhou essa nobre causa, ao menos agora poderão falar que, tudo acaba em pizza com um funk cultural fazendo o fundo musical.

Anderson Rodrigues (Letras, UFRRJ)

Sobre mim;

É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. (Clarice L)

Em Suma: "Sou Exatamente Aquilo Que Deus Diz Que Sou, Nada mais Nada menos." Pois Sei Quem Sou em Deus...e isso Basta!!