Que o sistema político no Brasil está desacreditado ninguém questiona. E, esperar que nosso senado seja uma liga da justiça, é como imaginar que o Papai Noel trará ovos de páscoa no dia 7 de setembro dançando tango com o Saci Pererê. E para ser mais enfático (se é que já não fui), levanto aqui um questionamento que um dia ouvi. A pergunta era essa: – Algum dia nosso governo será plenamente honesto? Para responder questão tão filosófica, poderíamos recorrer aos escritos de Platão sobre como deveria ser a formação de líderes políticos na sociedade. Porém, como grande parte do nosso eleitorado acha tal pensador complicado, chato ou démodé. Fiquemos com um “filósofo” mais contemporâneo e de maior aceitação popular. O Sapientíssimo Capitão Nascimento. Que diria: “Nunca serão, jamais serão”. Pena que nenhum excelentíssimo “pede pra sair”.
Outro ponto que quero destacar é a epidemia de candidatos que se proliferam a cada dois anos. Nunca se viu tantos e em tamanha variedade. Muitos com seus termos lexicais inovadores, suas metáforas riquíssimas e com seus currículos que suprem todos os pré-requisitos (diga-se de passagem, dificílimos) para poder candidatar-se.
Não gostaria de ser injusto com os magníficos almejantes a tão honrosos cargos, porém, como não posso citar todos os milhares que correrão nas próximas eleições, destacarei apenas três de forma breve e por motivos nada específicos.
O primeiro é tão majestoso que não recordo o nome, porém a sua proposta de mandato, ou o seu clamor para a massa manobrada é assim: - esses políticos que estão aí, já estão roubando há tanto tempo. VOTE EM MIM, ME DEIXA ROUBAR UM POUQUINHO. Fala a verdade! Dá ou não dá para ficar comovido com um pedido tão encarecido como este?
Para aqueles que não sabem até hoje o que faz um deputado federal. Nosso querido palhaço (no melhor sentido da palavra) Tiririca, mesmo admitindo também não saber, em troca de seu voto, garante responder tamanho mistério.
Para os vegetarianos midiáticos, temos uma fruta se candidatando, a saborosa mulher melão. E, para quem pensa que só aquele marmanjo babão é o seu foco eleitoral. Imagine você dona de casa, ter todos os dias na sua TV um sacolão virtual, com uma variedade de frutas interativas dançando de forma cabalística e com nosso ritmo cultural ao fundo. Seria uma ótima proposta, sim ou não?
Diante desta profusão imagens de famosos desconhecidos ou desconhecidos famosos (algo do tipo), que invadem nossas televisões, lançando-nos seus sorrisos duvidosos através das centenas de placas que deparamo-nos pelas ruas, só posso desejar que em meio a todas essas maravilhosas opções, possamos refletir e definir de maneira consciente quem será a nossa voz lá no poder. Como disse um dia o antigo sábio: “A palavra pode trazer a vida e a alegria, bem como, a morte e miséria de um povo”.
Bom, se você não quer tamanha responsabilidade e achou essa frase um exagero e dura demais, há outra opção.
Vote no Tiririca, pois afinal de contas como ele mesmo diz: - Se você não votar em mim, eu vou MORREEERRRRR!
Anderson Rodrigues
